sexta-feira, 23 de novembro de 2007

Lembrete

A resolução 1514 da ONU

"1. A sujeição dos povos à dominação e à exploração estrangeira constitui uma negação dos direitos fundamentais do homem, e contrário à Carta das Nações Unidas, compromete a causa da paz e da cooperação mundial.

(...)

3. TODOS os povos têm direito à LIVRE DETERMINAÇÃO; em virtude desse direito, ELES DETERMINAM LIVREMENTE o seu estatuto político e buscam livremente o seu desenvolvimento econômico, social e cultural.

4. SERÁ POSTO FIM A TODAS AS AÇÕES ARMADAS E A TODAS AS MEDIDAS DE REPRESSÃO, de qualquer tipo, que sejam dirigidas contra os povos dependentes, para permitir à sua população exercer pacífica e livremente o direito à independência completa e à INTEGRIDADE DE SEU TERRITÓRIO.

(...)

6. Toda tentativa visando destruir PARCIAL OU TOTALMENTE a unidade nacional e a integridade territorial de um país é incompatível com as metas e os princípios da Carta das Nações Unidas. TODOS OS ESTADOS DEVEM OBSERVAR FIEL E ESTRITAMENTE as disposições da Carta das Nações Unidas, a Declaração Universal dos Direitos do Homem e a presente Declaração sobre a base da igualdade, DA NÃO INGERÊNCIA NOS ASSUNTOS INTERNOS DOS ESTADOS e do respeito aos direitos soberanos e à integridade territorial A TODOS OS POVOS."

Embora esse texto diga respeito à independência de Estados anteriormente explorados pelas grandes potências (antigas colônias), povos como os curdos, palestinos, chechenos, bascos e MUITOS OUTROS não detêm, ainda, um território autônomo e soberano, mesmo tendo sido tal direito assegurado pela Carta das Nações Unidas e sendo essa a vontade manifestada por esses povos.

sábado, 20 de outubro de 2007

Tropa de Elite

Dois meses depois, e finalmente, volto a escrever aqui.

É que, apesar da total falta de tempo à qual ando submetido, foi impossível deixar passar em branco o assunto mais comentado e, a meu ver, controverso, do momento: o filme TROPA DE ELITE e toda a repercussão que gerou.

Todo mundo está discutindo se é a favor ou contra a tortura e violência empregadas pela polícia, e a sociedade, principalmente a classe média, demonstra que "apesar de desumano, é um mal necessário" (quem ainda não ouviu ou disse algo do tipo?).

Afinal, ela está encurralada por todos os lados: pela violência dos criminosos e pelo descaso das autoridades.

A mídia faz a sua parte, veiculando matérias mesquinhas que a classe média engole: Veja, Folha de SP etc. alimentam as discussões mais sem propósito: bandido deve mesmo morrer? A polícia deve torturar?

Os aplausos ao final das sessões confirmam que a classe média apóia a guerra contra os criminosos, o que também é confirmado pelas pesquisas da mídia.

Mas ninguém percebeu é que a mídia, em vez de patrocinar pesquisas que não vão revelar nada que ninguém ainda não saiba, deixa de perguntar à sociedade, por exemplo, o que ela acha da corrupção da Polícia, do fato de os policiais travarem uma guerra entre si, de o sistema estar dominado por policiais corruptos que fornecem armas aos traficantes.... não! Pra quê??

Tudo isso foi mostrado no filme, lembram-se do que o Matias disse?
"Vocês estão muito mal influenciados por jornalzinho e televisão!"

Elegeram um herói, como sempre (Cap. Nascimento, que nas palavras de um professor meu, deveria ser chamado de Cap. Falecimento). O brasileiro é como um fanático religioso que aguarda a vinda do Messias que virá salvá-lo, e deixa de fazer sua parte para transformar sua realidade.

Ao invés de a mídia e classe média se revoltarem com a calamitosa situação em que se encontra a polícia, preferiram exaltar a violência, a tortura. O importante é matar bandido.... pra quê impedir que novos jovens se tornem também bandidos? Se virar bandido, morre; essa é a lógica.

Parece que ninguém notou que dentro dessa lógica, assim como a violência da criminalidade contra os cidadãos justifica a execução sumária dos bandidos, não mudar a realidade que forma novos criminosos justifica que eles matem arbitrariamente cidadãos dentro de seus carros, em assaltos nos semáforos ou seqüestros-relâmpago.

Discordam? Então procurem considerar alguns pontos que invariavelmente são postos de lado quando a discussão é a violência:

Como exigir que um criminoso, que não vê em sua vida nenhum valor, pois ninguém nunca deu valor a ela, tenha "humanidade" e não mate? Em qual momento da vida desses caras eles foram tratados com alguma humanidade?

A vida de um filho da classe média ou alta vale mais que a de um filho da favela por quê?

Porque em sua casa tem água e esgoto, e na do favelado não?

Porque ele faz aulas de inglês aos cinco anos, enquanto que o favelado, se não morrer de fome antes dos cinco, entra para as estatísticas do governo como indicativo de "melhorias"?

Por que aos 15 anos ele vai fazer um intercâmbio no Canadá ou Inglaterra, enquanto que o favelado aos 15, se ainda não tomou um tiro na cabeça, já abandonou a escola faz tempo? Aliás, que escola? Se esta existe, não há nela nada que atraia o aluno, pois os professores são desmotivados pelos salários miseráveis e condições precárias, e também porque a aprovação não depende do rendimento escolar, graças ao magnifíco planejamento educacional brasileiro.

Com tanta gente vivendo dessa forma indigna, claro que alguns, pelo menos, se tornarão criminosos.

Enfim.... apoiar a guerra é opção menos inteligente que a sociedade civil pode fazer. Ela quer guerra ou paz, afinal?

Se a resposta AINDA for paz, é pela guerra que se conseguirá conquistá-la?

A sociedade já perdeu há muito a hora de começar a lutar pelo que deve, ao invés de ficar apoiando mediocridades como o extermínio de bandidos.... porque, sem eliminar a "fonte" de criminosos, o efeito de seu extermínio é igual ao das moscas, você mata uma, aparecem outras duas....

Chega de manifestações de exaltação à violência!!! É preciso voltar essa energia e esse anseio por justiça e moralidade contra os caras que deixam as drogas e as armas entrarem no país; esses caras não estão no morro, estão de terno e gravata sendo pagos com dinheiro do nosso imposto de renda!!

Chega de exclusão..... é preciso exigir DIGNIDADE para todos.

Porque enquanto houver pessoas morando em bairros sem água, luz, comida, emprego, educação e transporte público, nós, em nossos carros, continuaremos sendo vítimas dos filhos dessa miséria, que não têm comida ou escola, mas sim, cocaína e armas.

quarta-feira, 22 de agosto de 2007

Chávez, Platão e a utópica democracia socialista

"Proponho ao povo soberano modificar da seguinte forma o artigo 230: (...) Período presidencial de sete anos para o cargo de presidente ou presidenta da República, podendo ser reeleito de imediato para um novo período.” Assim Hugo Chávez pretende fazer crer que cabe ao povo instalar os meios legais para que ele possa dominar indefinidamente a Venezuela.

O mais alarmante no caso de Chávez é que ele tem a seu lado uma boa parcela da classe estudantil venezuelana, que o vê como o revolucionário que irá libertar a Venezuela da tirania capitalista. Para isso, já anunciou que vai expulsar o FMI do país.

Chávez dá ares democráticos à sua intenção absolutista. Diz que pretende a realização de uma revolução socialista, pautada pela vontade da maioria, do "povo soberano". Bonito. Com seu projeto de unipartidarismo, vai facilitar bastante o processo democrático. Mussolini, embora tenha sido da direita, aprovaria a postura do caudilho venezuelano.

A utopia socialista de Chávez remete à Platão. Em sua eterna obra "A República", analisando a evolução dos sistemas de governo, faz entender que a tendência da democracia é se transformar em uma tirania. No autêntico Estado democrático, a vontade da maioria norteia o Estado, o que torna a existência desse Estado uma utopia tão intangível quanto demonstrou ser a socialista. Isso porque a maioria, invariavelmente, é excluída do processo político. O socialismo democrático de Chávez é utopia ao quadrado. E tem gente por lá engolindo essa.

No Brasil temos um espelho disso. Um governo de um partido historicamente vermelho, que colheu a massa apolítica com benefícios que se não prestam a outro fim senão mantê-la na condição de dependência assistencial. E de bons eleitores. (Pra quê voto de cabresto?) Mas para quem não tinha pão, tê-lo significa muito. E isso, dentro do sistema democrático brasileiro, é um meio eficaz de manutenção do poder. Só falta a alteração constitucional.

Mas o estilo de Lula é outro. Governando em favor de poucos, distraindo a massa e marginalizando a classe média, prega uma sociedade democrática e igualitária. Mas na prática o abismo entre as classes persiste. O país não cresce. Só crescem os escândalos, dos quais ele é sempre o último a saber.

Luís XVI também marginalizou toda uma classe. Deu no que deu. Mas isso foi na França Iluminada. O pescoço de Lula, por aqui, está seguro. No Brasil, cai um avião, prendem o dono do "hotel"; e o Renan continua livre, contando suas anedotas no Congresso, enquanto a classe média reclama, inerte, dizendo-se cansada. É a ditadura da impunidade.

sábado, 18 de agosto de 2007

Valores em crise

Semana passada visitei minha mãe. Depois daquela coisa de reencontro quinzenal, "como está meu filhinho" etc e tal, começamos a conversar sobre assuntos diversos, fatos cotidianos ocorridos nas últimas semanas... e eis que ela me conta uma história que retrata um fenômeno social no mínimo peculiar.

Disse-me minha mãe que uma cliente sua, à qual atendera durante a semana, lhe contou que seu filho, de cinco anos, tinha começado a freqüentar uma psicóloga. O problema com o menino é que ele é bonzinho demais.

Como assim? A mulher contou que seu filho, com freqüência, tem surtos de bondade e estava começando a passar por maus bocados por conta disso. Outras crianças de sua idade, aproveitando-se do excesso de generosidade do "problemático" garoto, acabavam por levar embora seus brinquedos, seu lanche, enfim, se apossavam de coisas do garoto ou, em outros casos, aproveitavam-se de situações, seja levando seu mérito por atividades na escola, em brincadeiras etc. Ou seja, a "criança-problema", já aos cinco anos, começava a ser engolida por seus "adversários" na competitiva corrida em que se transformou a vida moderna.

Assim, a solução mais indicada e adotada pela mãe foi contratar os serviços de uma terapêuta para condicionar seu filho a pensar primeiro em si próprio.

Não estou querendo pregar aqui princípios altruístas supremos, espirituais, puritanos, sagrados, bla bla bla.

A questão que me veio à mente quando ouvi essa história foi a precocidade com que o ser humano precisa aprender a sobreviver, a competir, dentro de uma sociedade que se diz, e é, complexa, evoluída, científica, civilizada. Principalmente "civilizada".

A questão da luta pela sobrevivência e o instinto que nos leva a procurá-la é de natureza biológica e, nesse aspecto, a ciência tem procurado demonstrar que não somos muito diferentes de outros seres vivos, principalmente do reino animal. Mas nesse caso específico, trata-se de inibir, numa criança, um impulso, também natural, pois manifestado por uma criança ainda não socialmente formada, de generosidade e desapego, que me parece ser um tipo de instinto, esse sim, que caracteriza-nos de maneira ímpar e nos diferencia de praticamente todo os demais grupos animais que vivem em sociedades (exemplos semelhantes, talvez só entre primatas).

Ao inibir os "instintos éticos" de uma criança, corre-se o risco de se dimiuir seu potencial de enxergar o próximo como um igual, que merece e deve obter da vida em sociedade as mesmas vantagens que ela possui, se se pretende que essa sociedade seja igualitária e justa, e de reduzi-la a um animal puramente biológico, que tem para si os instintos mais primitivos como primordiais.

Não pretendo, aqui, questionar a qualidade ou a necessidade da existência desse tipo de tratamento. Considero a psicologia uma ciência das mais ricas e importantes que o homem desenvolveu e tem, constantemente, aprimorado.

Apenas me pareceu um pouco extremo esse caso. Penso que, no mínimo, deve despertar a atenção geral para o fato de que uma grande reestruturação educacional deve ser implantada, não apenas curricular, nos moldes como a temos (e mal a temos) hoje, mas uma educação mais dinâmica, universal, que implante no homem, desde muito cedo, a ética, assim como princípios e valores morais e sociais que possam permitir à nossa sociedade uma contínua e eficaz evolução.

segunda-feira, 13 de agosto de 2007

Desinformação

A cada dia parece ficar mais clara a imprudência com que a mídia veicula notícias no Brasil. A manipulação da informação já não é novidade no país, mas o que está acontecendo hoje ultrapassou os limites do bom senso. A disputa pelo "furo" é a principal prioridade do noticiário popular brasileiro. Nada mais é respeitado; o que importa é a conquista da audiência por meio de um sensacionalismo barato e vulgar. Os noticiários despejam um balde cheio de informações sobre o ouvido do povo sem o menor compromisso com a credibilidade e a qualidade do conteúdo informado.

No judiciário pode-se ver o crescente número de ações de indenização por difamação, movidas por pessoas que se sentem prejudicadas ao terem seus nomes ou suas imagens veiculadas arbitrariamente por jornalistas nos mais variados meios de comunicação.

Isso sem se falar na cobertura de eventos ao vivo, na qual o espectador mais atento facilmente observa inúmeras contradições e falhas na transmissão das informações. A intenção da grande imprensa parece ter deixado de ser informar o cidadão há muito tempo; parece estar mais perto de querer confundi-lo e desinformá-lo.

A liberdade de imprensa não pode ultrapassar o direito do espectador ou leitor de ter acesso a uma informação fidedigna, confiável e justa. É de interesse público extremo que haja ética jornalística em todos os setores da imprensa, pois de outra forma ela não atingirá seu maior objetivo, que é o de manter o brasileiro informado de forma tal que possa elaborar seu pensamento crítico e, somente desta forma, por meio de uma opinião sólida, seja capaz de exercer plenamente a cidadania e participar efetivamente do processo democrático.

sábado, 21 de julho de 2007

Primeiros passos

Salve!

Resolvi criar esse blog (finalmente) pra expor pensamentos. Idéias que normalmente tenho sobre nosso país, nossa sociedade, o modo de ser e de viver do brasileiro, principalmente da classe média, que considero o ponto crítico de nossa sociedade. Idéias que normalmente costumo discutir com amigos depois de assistir ao noticiário, ou ainda, em mesas de bares em São Paulo..... e olha, mesas de bar costumam ser uma excelente fonte de idéias! Mas que, invariavelmente, morrem ali mesmo, junto à nascente. Agora pretendo "imortalizar" algumas delas, compartilhando-as com vocês.

A IDÉIA BÁSICA DISSO TUDO É EXPOR IDÉIAS QUE POSSAM ALGUMA FORMA CONTRIBUIR COM A CONSCIENTIZAÇÃO POLÍTICA DO BRASILEIRO, a partir de críticas e comentários aos acontecimentos mais recentes no Brasil e no mundo.

Mas não só isso....
Claro que divagações, arte, história, política, esportes, entretenimento, e se tudo correr bem, em breve também alguma aventura na criação literária, têm espaço garantido. Enfim.... Estou ainda lapidando a linha desse blog, mas espero diversificá-lo bastante.

Quero que leiam, comentem, concordem, discordem, discutam. Provavelmente escreverei pouco nessa fase inicial. Estou meio que sem tempo (falta de tempo VERSUS excesso de informação - isso dá pano pra manga), mas tenham calma comigo... é minha primeira aventura desse tipo, nunca antes havia me arriscado a escrever algo sobre uma coisa qualquer.

E o desafio é grande.... criticar sem apresentar idéias melhores é uma perigosa armadilha, vemos muitos entrando nessa por aí.

Mas correr esse risco é necessário. Num país onde a grande massa é culturalmente marginalizada e excluída, o que não pode acontecer é se ficar de braços cruzados, vendo a banda passar, enquanto fazemos parte de uma minoria que tem acesso à informação e às ferramentas de comunicação que lhe são inerentes.

Afinal, nós brasileiros vivemos em um grande país. Mas ainda é preciso transformá-lo em uma grande nação.

Abraços a todos.